sexta-feira, 29 de abril de 2011

Amor em moldura

O primeiro amor é indecente. É o estupro da alma. Libido do coração. É como uma dose, aquela que você toma num gole só; Te tira dos eixos, te arranca os pudores, te deixa tonto e com vontade de “quero mais”.
Chega gritando, te escancarando. Põe fogo nos olhos e brasa nos lábios. Tuas mãos, em carne viva de desejo, não suportam o menor toque do outro. Teu corpo quer se encolher, adentrar, possuir aquele que te toca. Um ritual animalesco; Pelo com pelo.
Há um incêndio no teu eu, uma erupção. Fica um cheiro de coisa nova, um gosto de descoberta e uma sensação de eternidade.

O primeiro amor é inesquecível. É um céu na Terra. Paraíso particular. É como um bom vinho, aquele que você toma em pequenos goles. Te faz flutuar, te coloca no colo, te aconchega nos braços como canção de ninar.
Chega de mansinho, te galanteando. O que antes era lagarta, agora é borboleta. Tua carne, como em areia movediça, é tragada pelas carícias do outro. Homeopatia. Semelhante curando semelhante.
Há uma metamorfose em você, uma transformação. Fica o friozinho na barriga, queimação, olho no olho. Resta um sentimento de leveza, um quê de calmaria e uma sensação de eternidade.

O primeiro amor é inconseqüente. É transgressão da matéria. Miopia do ser. É como uma droga, aquela que te deixa em abstinência. Te mostra o novo, te leva pra longe, te arranca do casulo, despindo-o da cabeça aos pés.
Chega sufocando, tirando teu ar. Inquieta tua mente e acaba com a razão. Teu cérebro, dopado de endorfina, não se atreve a esquecer aquele que se ama. Tara. Impulso por impulso.
Há um misto de inocência e gozo, inexperiência do prazer. Em não se limitar vem as descobertas. Sobra a vida por viver, um romance nas estrelas e a mesma sensação de eternidade.

O primeiro amor é limitado. É um ciclo. Sonho bom. Eternidade finita. Fim de jogo!

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